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O Dia do Médico e a responsabilidade de quebrar paradigmas


“Como pessoa, amo assistir partos por tudo que eles significam e trazem consigo.

Como médica, sei que meu lugar é atendendo ao alto risco.”

Nada mais oportuno do que essa fala linda e consciente de Marilena Pereira, médica obstetra da nossa equipe. Mais adequada ainda para o dia de hoje – Dia do Médico – e dentro do contexto em que estamos vivendo, em que uma liminar de Brasília limitou o atendimento de enfermeiros em todo o país.

E por que falar da enfermagem justo no Dia do Médico? A resposta é simples: porque entendemos e valorizamos o papel fundamental dos médicos na assistência ao parto – e na vida – mas também valorizamos ainda mais aquele médico que sabe qual é seu lugar e sua função, aquele que é capaz de trabalhar em equipe, unindo saberes e competências, aquele que coloca o bem-estar e o desejo do paciente acima de egos e convenções de classe.

A assistência obstétrica, da maneira como é hoje – centrada na figura do profissional médico – está fadada ao fracasso. Isso porque é insustentável que apenas médicos acompanhem todos os nascimentos, seja de risco habitual ou alto risco. Não temos profissionais suficientes para isso, não temos como remunerá-los de maneira justa, não temos como atender toda a população seguindo este modelo.

O que vem acontecendo, na prática, é que os novos profissionais terminam a residência e não querem mais ser obstetras, a não ser por um curto período de tempo ou ainda exercendo essa obstetrícia de plano de saúde que vemos por aí: violenta e cesarista. Além disso, a escassez de profissionais, a falta de experiência e a falta de renovação faz com que os próprios professores não dominem todas as ferramentas de ensino, tornando este aprendizado ainda mais raso e autocentrado.

Em diversos países do mundo, existem outros modelos que funcionam muito bem. Os modelos são bem parecidos: basicamente consistem em centrar a assistência do risco habitual na enfermeira obstetra ou obstetriz. O médico obstetra também atua, mas fica reservado para casos de alto risco, partos instrumentais, cirurgias, distócias e demais casos. Sua atuação se dá em equipe, lado a lado com outros profissionais, de forma que consiga trabalhar com mais qualidade, sem disputas desnecessárias de poder. E não é só para o sistema de saúde que esses modelos trazem benefícios: existe diversos estudos de qualidade mostrando que os desfechos e a percepção das mulheres quanto ao parto são melhores.

Inclusive, a opinião delas não é de menor importância: no nosso país, mulheres são penalizadas há décadas pelo modelo vigente, não estão satisfeitas e já buscam outras alternativas – como a assistência humanizado, por exemplo.

Isso tudo sem falar na atenção básica do SUS (que Lígia Moreira Sena explica em detalhes aqui) que não tem como se sustentar se centrada na figura do médico, como está sendo proposto.

Nesse sentido, no nosso dia de comemorar o profissional médico, comemoremos aqueles que fazem a diferença de verdade e entendem que mais que honrar seu CRM, a medicina trás a responsabilidade de quebrar paradigmas, todos os dias.

 
 
 

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