Intervenções no Recém-Nascido
- Equipe SobreParto
- 24 de ago. de 2017
- 4 min de leitura

Foto: Kuara Fotografia
Em grande parte das gestações, quando se respeita a fisiologia do nascimento, o parto acontece de forma tranquila e, salvo exceções, mãe e bebê ficam muito bem. Nesses casos, não há pressa para examinar o bebê e é possível analisar o estado geral do recém-nascido no colo da mãe, respeitando os primeiros momentos de ambos – e da família em geral.
O importante sobre esse e todos os outros procedimentos é saber quais são eles e se informar a respeito, para poder fazer escolhas conscientes. Infelizmente, nem sempre essa escolha existe, já que em algumas instituições particulares e no SUS, muitos protocolos são rígidos. Mesmo assim, com base em boa informação, é possível fazer com que tais procedimentos sejam realizados no colo da mãe, de maneira tranquila, evitando sofrimento desnecessário do bebê que acabou de chegar ao mundo.
Saiba quais são os procedimentos mais comuns nos recém-nascidos:
Colírio de Nitrato de Prata (Credé)
Esse colírio é usado para prevenir que o recém-nascido tenha a conjuntivite causada pelo gonococo (bactéria da doença gonorreia). Protocolar em muitas instituições, essa intervenção só serve para bebês nascidos em partos vaginais cuja mãe tenha gonorreia. Não tem função para filhos de mães saudáveis, nem para bebês nascidos via cesariana e não é eficaz contra clamídia (somente a gonorreia). Além disso, o colírio arde bastante e ainda por causar conjuntivite química. Também pode interferir negativamente na construção do vínculo nas primeiras horas de vida. Existem outros colírios que são menos agressivos e podem ser usados em substituição ao colírio de Nitrato de Prata.
Vitamina K
Previne a doença hemorrágica do recém-nascido e as consequências dessa doença (que podem ser graves). O ideal é fazer a aplicação intramuscular com o bebê no colo da mãe, após a “hora dourada”. Existe também uma versão para administração por via oral, mas os estudos são controversos sobre a absorção e eficácia da forma oral da vitamina K.
Corte do cordão umbilical
Ao contrário do que o senso comum diz (e do que vemos nos filmes e novelas), não é necessário ter pressa para fazer o clampeamento e corte do cordão umbilical. O ideal é esperar que ele pare de pulsar, garantindo dessa maneira que o bebê se beneficie do sangue que ainda está no cordão. Sabe-se que até 40% do sangue do bebê ainda está no cordão no momento do nascimento (não tem sangue da mãe ali!) e que aguardar para fazer o clampeamento pode prevenir anemia neonatal.
Aspiração
Um tubo é introduzido pelo nariz do bebê para remover secreções. Esse procedimento só deve ser feito em casos específicos e não é um procedimento de rotina, ainda que o bebê tenha nascido por cesárea. Os recém-nascidos são capazes de expelir líquidos seja tossindo ou espirrando.
Sonda anal
É uma sonda que é introduzida no ânus do bebê para verificar se a passagem esta desobstruída e testar permeabilidade. Esse procedimento não é obrigatório em todos os casos e só deve ser feito após 24 horas, caso alguma anormalidade seja observada.
Teste do pezinho
Uma amostra de sangue é colhida do calcanhar do bebê (mas nem sempre essa coleta é feita no pé) e enviada para análise. O teste do pezinho deve ser feito em todos os recém-nascidos do terceiro ao quinto dia de vida (no caso de prematuros, pode haver indicação de repetição do teste). Ele serve para detectar uma série de doenças e garantir que se faça um tratamento precoce, caso haja alguma alteração.
Teste do olhinho
Também conhecido como Teste do Reflexo Vermelho, serve para identificar precocemente doenças de visão como catarata congênita, glaucoma ou estrabismo. Deve ser feito preferencialmente na primeira semana de vida do bebê, mas também pode ser realizado na primeira consulta pediátrica. O exame é simples e indolor e não é necessário dilatar a pupila do bebê para isso, salvo sob indicação técnica que justifique.
Banho logo após o nascimento
Esta não é exatamente uma intervenção com fins médicos, mas é bastante comum e inclusive protocolar em alguns hospitais. Os bebês normalmente nascem com vérnix, que é aquela camada branca e gordurosa, natural dos recém-nascidos. Essa “sujeira” será naturalmente absorvida pelo corpo do bebê em suas primeiras horas de vida, logo não é necessário o banho precoce. A própria família pode decidir quando e quem dará o primeiro banho no recém-nascido.
Pesagem e medidas
O peso e as medidas são importantes para acompanhar o desenvolvimento e saúde do bebê, além de constarem no registro da DNV. Esse procedimento pode ser feito ao lado da mãe e não é necessário ser feito imediatamente após o nascimento. O pediatra também pode fazer essa verificação na consulta de rotina.
Oferta de chupetas, complementos ou soro glicosado
É comum em maternidades que se ofereçam complementos, soro glicosado ou até mesmo chupetas para os recém-nascidos – muitas vezes sem o consentimento das famílias. Salvo exceções, isso não é necessário! Isso pode interferir na amamentação e predispor o bebê a alergias.
Teste do Coraçãozinho
Consiste em uma triagem neonatal para identificar cardiopatias congênitas, feito em todos os recém-nascidos a partir das 34 semanas. O teste é feito medindo a saturação de oxigênio no pé e na mão do bebê. É um procedimento totalmente indolor, rápido e prático, mas, mesmo assim, só deve ser feito a partir das primeiras 24h de vida.